Agenda 2018

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O Karaokê de Poesia acontece mensalmente no Espaço Cultural: A Casa Tombada.
Próximos Eventos: setembro: dia 28 (sexta-feira) , outubro: 20 (sábado), novembro: dia 30 (sexta feira), dezembro: dia 15 (sábado
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João da Silva


POESIAS EDSON CRUZ

EPÍGRAFE


Um ilhéu
fazendo a travessia.
Acima dele o céu.
Abaixo, a maresia.
Entre os fios de seu enleio
a vida fugidia.




A MÁQUINA


Aqui jaz meu poema
fazendo-se
de morto
na página que há
pouco
já foi alva
feito um teorema
que não se pode refutar.

Até que você o leia
insufle a vida
que lhe falta
e o transforme
em delicado mecanismo
que venha sorrateiramente atingir
o desejado alvo.

Touché?




BIBLIOTECAS


A biblioteca do pai de Borges
foi o fato capital de sua vida.
Ele nunca saiu dela, disse.

Em minha casa nunca tive
livros.
O fato capital de minha vida
é não ter tido pai.

Minha mãe foi minha biblioteca.
Ensinou-me tudo.
Nunca saí dela.
Era analfabeta e deveria
ter se chamado Alexandria.



                                                POESIAS - WALMIR FERNANDES

CIRCO

Domador de leão
Não sabes que num piscar
ficarás sem mãos?
No que quer que acreditemos?
Em sua destreza?
Sua inteligência?
Sua habilidade?
Não sabes que não somos nada
além de uma nuvem espessa?
Não sabes que é assim que lhe
vejo neste picadeiro?
Não sabes que o que me interessa
é sua delicadeza?
Que história é essa de ser invencível?
E você que engole espadas
Não sabes que a membrana é fina
e a qualquer momento o tecido abre?
No que quer que acreditemos?
Em sua precisão?
Sua frieza?
Sua infinitude?
Não sabes que não somos nada
além de uma nuvem espessa?
Não sabes que é assim que lhe vejo neste picadeiro?
Não sabes que o que me interessa
é sua vulnerabilidade?
Que história é essa de ser imortal?
E você que anda na corda bamba?
Não sabes que o desequilíbrio
é o norte do nosso tempo?
No que quer que acreditemos?
Em seu centro?
Sua indiferença?
Sua quietude?
Não sabes que não somos nada
além de uma nuvem espessa?
Não sabes que é assim que lhe vejo neste picadeiro?
Não sabes que o que me interessa
é sua fragilidade?
Que história é essa de ser um anjo sem asas?


Pergunta que não quer calar 

Aos quarenta, suponho
deveríamos nos perguntar.
Aos cinquenta
aos sessenta, setenta
oitenta
e também aos noventa
suponho
deveríamos nos perguntar.
Antes mesmo
aos trinta,
aos vinte
e nos intervalos desses anos
também aos trinta e cinco,
quarenta e sete
cinquenta e três
ou dezessete.
Deveríamos nos perguntar
suponho,
toda segunda e sexta-feira
todo dia dez
dia trinta
e no primeiro dia do mês seguinte.
Aos finais de semana
nos feriados
em todos os dias
todas as horas
todos os minutos
todos os segundos
a cada sopro de expiração.
Suponho, deveríamos nos perguntar
e continuar a perguntar
até encontrar uma resposta
uma possível resposta
algo que dê um sentido
uma fagulha
uma luzinha
pra nossa existência
e só então
suponho
esquecer o calendário.


Sombras

É preciso resistir
mesmo que num gesto
num ato
num olhar
num respirar.

É preciso resistir
Urgir o diverso
no que lemos da vida
como unicamente
verdadeiro.

É preciso resistir
Irromper o estabelecido
que nos deixa coagidos
jogados num mundo
quadrado
cercado de olhos
por todos os lados. 

É preciso resistir
a caixas de pensamentos
com modelos mentais
cada vez mais apertados
sufocados por tanta
ansiedade.

É preciso resistir
hoje, amanhã
depois e depois de amanhã
nas manhãs, tardes
noites e madrugadas
e mesmo em Pasárgada
que se tem tudo e a existência
é uma aventura
em Pasárgada
onde se é amigo do rei
há de se ser amigo
do bobo da corte também.

É preciso resistir
aqui, ali, em Pasárgada
ao fato de que todos os dias
somos sucumbidos pelo medo
de sofrer
desvanecendo
sem
criar.






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